domingo, 14 de setembro de 2014

Três Humanos no Planeta dos Macacos, ou Três Macacos no Planeta dos Humanos? O Retorno ao Planeta dos Macacos


A II GIBICON foi especial para mim por dois motivos, primeiro por lançar meus dois roteiros "Beowulf & e Grendel na lei Seca" no Clássicos Revisitados volume 2 e "Chupa Cabras" no Bocas Malditas, publicados pela Dogzila, comandada por dois amigos especiais (um antigo e um novo, ambos aventureiros como eu) Antonio Eder Semião e Walkir Fernandes. Evidenciar em quadrinhos letras que você escreveu é uma sensação indescritível. Só quem passa por isso compreende-a adequadamente. As HQs ficaram um luxo e dignas da qualidade de qualquer quadrinho estrangeiro. O trabalho da Dogzila vem apontando profissionais brasileiros de grosso calibre e participar deste seleto grupo, para mim é uma honra e um privilégio. É o resultado de um caminho que tomei anos atrás quando decidi ingressar na ficção científica e no fantástico. Primeiro como pesquisador do insólito e depois como escritor. Minha companheira Eliana Gonçalves é a principal responsável por ter “visto” esse potencial em minha pessoa em 1997. Após longa pesquisa que tomou um ano inteiro e cheio de relatórios que se encontravam em um disquete na época, respondendo minha pergunta sobre o que fazer com todo aquele material escrito. Publique-o, ela disse. De lá pra cá, portas se abriram, pois somado a feliz ideia de fundar a Confraria de Escritores de Ficção Científica com um seleto grupo de amigos que também tinham interesse em ingressar nessa carreira. Nenhum de nós tinha intenção de sobreviver dela, mas sim de tratá-la como um hobby, um passatempo de valor onde algumas pérolas poderiam ser produzidas e lapidadas após ensinamentos de nosso mestre e amigo convidado o escritor André Carneiro.
O segundo motivo que me emocionou e foi um verdadeiro presente dado a mim e que jamais esquecerei enquanto viver foi o fato de ser convidado para mediar a mesa sobre Planeta dos Macacos. De todos os filmes de ficção científica que acompanhei em minha vida desde a década de 60, esse foi o mais especial de todos e olha que assisti praticamente tudo sobre o gênero ficção científica exibido em nosso país. Esse gênero sempre me atraiu em demasia, a ponto de me influenciar na escolha do assunto a ser pesquisado academicamente em meu mestrado defendido em 2000 na UFPR, intitulado: “Contribuições da Ficção Científica para o Conhecimento e a Aprendizagem”. Esse ano em especial marcado pela sociedade ocidental em vários períodos anteriores como o ano do “futuro” ou, das conquistas ficcionais, tornou-se especial em minha vida, pois foi quando ingressei no portal para o mundo literário, no qual me encontro felizmente mergulhado.
Quando recebi o convite para mediar a mesa com Carlos Magno, que já conheci há alguns anos e Saulo Adami, que tive o prazer de conhecer em (novamente) 2000, fiquei extasiado. Tenho uma foto dele vestido de Cornélius autografada, que adquiri naquela época e guardo em minha coleção com muito carinho. A princípio me preocupei, pois a mesa estava marcada pela organização do evento para uma sexta-feira, dia em que trabalho pela manhã e noite em minha universidade que fica em Guarapuava e o evento seria em Curitiba, minha cidade natal, onde procuro estar presente a cada 15 dias. Visto a emoção que me ocasionou tal convite, não me fiz de rogado e aceitei imediatamente, mesmo que tivesse que mover céus e terras para estar lá naquele dia particularmente especial. De tão empolgado por saber da ocasião, tive a feliz ideia de realizar um clip de tudo, ou quase tudo, que existia sobre a série cinematográfica, televisiva e de quadrinhos sobre O Planeta dos Macacos, para atualizar os possíveis ouvintes pertencentes a várias gerações que por ventura desconhecessem alguma dessas produções e que estariam presentes no dia. Também seria minha forma de contribuir com a seleta mesa da qual fui gentilmente agraciado.
Finalmente, chega o dia da apresentação e ali estavam as duas celebridades de gerações diferentes envolvidas até o pescoço com a série, mas que ainda não se conheciam. Carlos Magno, um exímio desenhista que trabalha para grandes majors americanas, reconhecido internacionalmente por seu belo trabalho com Batman, Super-Homem, Hulk, Transformers, Robocop e da atual e inédita (no Brasil) série fechada de 16 números “Planeta dos Macacos”. Do outro lado da mesa Saulo Adami, jornalista catarinense, natural de Brusque, fã número um da série símia, escritor de peças teatrais, colunas e livros, publicou o memorável livro “O Único Humano bom é Aquele que Está Morto”, referência a célebre frase dita pelo personagem Urco, gorila general que não suportava humanos, mas adorava caçá-los. Por conta de seu trabalho também ficou conhecido internacionalmente. Enquanto rolava o clip o qual editara, percebi em cima da mesa uma pequena quantia de livros que eu não conhecia e para minha surpresa, escritos pelo Saulo. Imaginei que ele os venderia ao final de sua fala e mais do que rapidamente separei um para mim fazendo sinal para ele que o livro me interessava. Ele concordou com a cabeça. Terminei deliciosamente de lê-lo em poucas horas.


Na fala de todos, inclusive na minha, foi possível perceber que Planeta dos Macacos estava enraizado profundamente de alguma forma em nossas vidas. Em mim, pelo saudosismo dos cartazes de cinema que não pude assistir por conta da censura da época e que somente fui agraciado com a pérola simiesca na estreia de “Fuga do Planeta dos Macacos”, o terceiro filme para cinema, que se não me falha a memória, foi assistido no cine Avenida que pertencia ao Palácio Avenida em plena mosca da cidade de Curitiba, local, aliás, onde residi até meus treze anos de idade. Para espanto da plateia, Saulo narrou em detalhes sua aventura apaixonada pela série e seu envolvimento pessoal com o elenco após a editoração de seu livro que na época lhe custou seu carro, única forma de condução que possuía. Era possível perceber que seu sacrifício não foi em vão, pois o presente que recebeu lhe rendeu além de uma aventura fantástica, seu novo livro publicado em português e inglês: “Diários de Hollywood: um brasileiro no Planeta dos Macacos”.
Quando Carlos Magno esmiuçou sua aventura simiesca, foi tão envolvente quanto o primeiro e saudoso depoimento. Sua paixão pela série e por sua produção ainda exclusiva em nosso país, encheu os olhos da plateia e os deixou repletos de curiosidade e vontade de acompanhar as novas HQs. Também foi uma feliz surpresa saber que essa nova história que se passa cronologicamente 1400 anos antes da famosa série do cinema, pode futuramente, se transformar em uma nova série cinematográfica a ser exibida nos cinemas mundiais. No traço artístico que Carlos nos mostrou ficou evidenciado o porquê dele ser premiado pela obra e também serviu para evidenciar que o sonho do francês Pierre Boulle, jamais será esquecido. Ao final, Carlos confessou que presentearia Saulo com os 16 fascículos da coleção simiesca em inglês, para que sua modesta coleção de mais de 1500 itens da série, ficasse ainda mais rica e próspera, o que aconteceu no dia seguinte. Fiquei extremamente satisfeito com a realização da mesa e notei que o público presente ficou extasiado com tudo que foi apresentado ali. Sem dúvida, sou suspeito, mas acredito que foi uma das melhores mesas do evento. Como se não bastasse, convidei ambos para repetirmos em 2015 a mesma mesa no “VI FCírculo, a Ficção Científica em Debate”, evento que costumo organizar com o pessoal do curso de Comunicação da Unicentro em Guarapuava. Portanto, guarapuavanos preparem-se, pois aventura ainda continua... Antonio EderWalkir FernandesSaulo AdamiGibicon CuritibaDogzilla StudioFabrizio Andriani,
— com Carlos Magno.

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