Entrevista que realizada com a editora-executiva Wanda Jorge para a revista Ciência e Cultura da UNICAMP em 2006 sobre Ficção Científica na Educação. Boa leitura.
1
- O Parque dos Dinossauros, obra comercial de grande sucesso de público, tratou
do tema da clonagem possível pouco anos antes dessa questão tomar conta do
forte debate que passou a existir na sociedade, com proposições que hoje a
genética já considera a um passo da possibilidade concreta. Certamente, o filme
motivou carreiras na biologia, na genética, etc. Sua pesquisa caminhou no
sentido de dar alguma resposta sobre isso?
De certa forma o exercício da exploração de
potenciais futuros é uma dos principais objetivos disciplinares da FC na
educação. Vivemos em uma sociedade atribulada com mudanças sociais rápidas, as
quais nos forçam a olhar para o futuro. Essa busca futurística deve ser uma função
básica e contínua no campo da educação. Se levarmos em conta o princípio de que
os educandos devem estar preparados para um mundo em que uma iminente
diversidade embrionária de novos estilos de vida, valores e sistemas sociais
concorrerão para coexistir, então, a educação deve necessariamente expandir seu
domínio disciplinar para o campo da projeção futurística também, a fim de poder
abarcar o exame do que é possível no potencial do desenvolvimento humano. Em
minha pesquisa sempre encontro pessoas que afirmam terem sido influenciadas de
maneira positiva para seguir uma carreira ou ideal.
2-Como a ficção científica ajuda a
fixar conteúdos para o público infanto-juvenil?
Inicialmente
porque na contemporaneidade esse gênero de filme é o mais procurado pelos
adolescentes e pela população em geral. Basta checarmos as pesquisas de
mercado. Essa busca é conseqüência, por um lado, da avançada tecnologia que Hollywood vem utilizando cada vez mais
em seus produtos cinematográficos e televisivos e, por outro, da forte atração
que narrativas sobre o futuro exercem, principalmente, sobre os jovens. São os
filmes de ficção científica que costumam ter mais sucesso na bilheteria ou uma
audiência maior e são também os mais comentados pela mídia, devido, em grande
parte, aos efeitos especiais, cada vez mais sofisticados e atraentes.
Do
ponto de vista didático, é o único gênero que contém todos os outros: comédia (O Guia do Mochileiro da Galáxia, SOS: tem um
Louco Solto no Espaço, Marte Ataca), drama (O Segredo do Abismo, A Esfera, Matrix,
Gattaca: A Experiência Genética, Guerra
dos Mundos, A Invasão), romance (Jornada
nas Estrelas IV, a Volta para Casa e Jornada nas Estrelas Insurreição, Starman), policial (Blade Runner: o Caçador de Andróides, Outland: Comando Titânico, Predador II), terror (Alien, A Experiência, Alien X Predador), aventura (O Buraco Negro, Tron, Contatos Imediatos de
III Grau) e arte (Solaris, Stalker, 2001 Uma Odisséia no Espaço, Alphaville). Outra razão para se privilegiar a exibição desses
filmes na escola é a praticidade para encontrá-los no mercado brasileiro. Todos
os filmes para cinema aqui citados já foram lançados em VHS ou DVD. As séries
estão sendo lançadas aos poucos, mas isso não impede o professor interessado de
recorrer a ajuda de colecionadores, cinéfilos e fãs de ficção científica como
os trekker (fãs do seriado Jornada
nas Estrelas), por exemplo, que procuram ter esse material na versão original,
importado.
3- Quais as obras estudadas?
Praticamente
todas as obras literárias de ficção científica bem como uma variedade enorme de
filmes do gênero podem ser utilizados para reforço como instrumento pedagógico,
mas, para facilitar o manuseio recomenda-se que o professor inicie sua leitura
pelas obras literárias e fílmicas citadas nessa entrevista.
Em
Hamlet no Holodeck: o futuro da
narrativa no ciberespaço (2003),
de Janet H. Murray, editado no Brasil pela Editora Unesp e Itaú Cultural, por
exemplo, a autora discute as narrativas atuais comparando-as com as séries
televisivas de Star Trek (Jornada nas Estrelas Nova Geração e Voyager),
onde o Holodeck costuma aparecer com
bastante freqüência. O Holodeck é um
dispositivo que transforma matéria em imagem tridimencional, permitindo aos
protagonistas interagirem em mundos holográficos imaginados. Seria como um jogo
virtual, mas mais realista.
Também
recomendamos as obras Ciência e
Quadrinhos (2005) de Gian Danton, lançado pela Marca de Fantasia e A Ciência dos Super-Heróis de Lois Gresh
e Robert Weinberg, lançado pela Ediouro. Ambos discutem a veracidade e a
possibilidade científica dos poderes encontrados nos super-heróis das HQs, onde
a ficção científica tem destaque.
4- Como foi realizada a pesquisa em
termos de percepção desse público?
Em
meu mestrado finalizado em 2000 pela Universidade Federal do Paraná, encontrei
um grande número de professores de várias áreas do conhecimento que estão
utilizando em suas disciplinas filmes de ficção científica para despertar
interesse específico em suas disciplinas, pois, perceberam que seus alunos
(adolescentes) tem predileção por esse gênero quando se dirigem a cinemas ou
quando trocam informações com seus colegas de sala.
A
estética da arte e os cursos de comunicação já analisam os filmes
cinematográficos e televisivos desde sua criação em meados de 1920. Entre
muitos exemplos podemos citar Metrópolis
de Fritz Lang, Skanner: sua mente pode destruir e Vídeo Drome, ambos de David
Cronemberger. Discussões políticas podem ser realizadas com Dr. Fantástico, O Dia em que a Terra Parou e Star
Trek (Jornada nas Estrelas),
neste último analisando a Federação dos Planetas Unidos, órgão federativo que
tenta promover a paz na Galáxia. Cabe às diferentes áreas do conhecimento
também descobrirem a importância desses filmes como recurso pedagógico.
Recentemente encontrei um artigo sobre a palestra “A ficção científica a serviço da educação”, realizada pelo biólogo Nelson Marques, da UFRN, que pensa de forma similar. Também conheço
vários professores acadêmicos dos cursos de Comunicação e Letras da região
sudeste, que assim o pensam.
5- Qual o universo (de público)
trabalhado?
Na pesquisa, trabalhei especificamente
com professores das mais variadas disciplinas escolhidas aleatoriamente, mas principalmente
por seu interesse no gênero. Encontrei-os em eventos de ficção científica, realizados
em São Paulo. Também participaram professores do Paraná e especialmente uma
professora de literatura brasileira na Florida (EUA) Mary
Elizabeth Ginway, ou Libby, professora adjunta da Universidade da Flórida em
Gainesville, EUA, que recentemente lançou o livro Ficção Científica brasileira – mitos, culturas e nacionalidade no país
do futuro, lançado no Brasil pela Editora Devir em 2005, descrevendo a
literatura de ficção científica brasileira no período de 1960 a 2000, seu
principal instrumento de trabalho lá nos Estados Unidos. Achei peculiar uma
professora de literatura brasileira nos Estados Unidos da América, utilizando
exclusivamente literatura de ficção científica brasileira.
A
primazia e a riqueza de conteúdo chegou a tal ponto que, até cursos
universitários vêm utilizando a ficção científica em suas disciplinas, direta
ou indiretamente, como evidenciado em minha dissertação de mestrado.
Menosprezar um gênero que já trabalhou uma versão espacial Shakespeareana como O Planeta Proibido, é menosprezar o
conhecimento.
O interesse acadêmico pelo assunto já vem de países como a Inglaterra onde na
Universidade de Glamorgan: http://www.glam.ac.uk/coursedetails/685/207
existe curso de graduação em Ficção Científica. No mesmo país também encontramos um
curso de mestrado (scrito senso) em Ficção Científica, para o pesquisador que pretende
aprofundar o assunto.
Encontramos várias universidades espalhadas pela Inglaterra e Estados Unidos que estudam
a Ficção Científica, principalmente literária academicamente:
Em Liverpool (Inglaterra): http://www.liv.ac.uk/~asawyer/ma.html
A British Science Fiction Association: http://www.bsfa.co.uk/
SF Foundation: http://www.sf-foundation.com/
Nos EUA, a Universidade do Kansas: http://www.ku.edu/~sfcenter/
Columbia: http://www.columbia.edu/cu/cusfs/
Massachussets: http://www.umass.edu/rso/scifi/
Washington: http://www.wsu.edu/~brians/science_fiction/sfresearch.html
6- Que conteúdos foram testados em termos de absorção desse público?
Sempre
que falamos em trabalhar ficção científica em sala de aula logo vem a imagem de
seu uso na disciplina de física e naturalmente ela teria um número muito maior
de alternativas de uso em relação a seus conteúdos. Lamentavelmente alguns
professores a utilizam apenas como exemplos negativos e deixam de lado bons
exemplos. As séries de Star Trek (Jornada nas Estrelas) são o melhor
exemplo de vários conceitos corretos da física, da holografia, da astronomia e
da cosmologia. Certamente alguns não procedem, como sons no espaço, teletransporte
de matéria, viagens no tempo, mas que, ainda assim, podem ser discutidos pelo docente.
Um
bom livro para professores de física que se interessem em utilizar a ficção
científica em suas salas de aula é: A
Física de Jornada nas Estrelas (1996), de Lawrence M. Krauss, editado no
Brasil pela Makron Books. Ele discute todos os conceitos encontrados nos filmes
e nas séries televisivas de Star Trek.
Ainda
dentro dos exemplos de física, podemos citar alguns filmes feitos para o
cinema: A.I. Inteligência Artificial,
2001: Uma Odisséia no Espaço e 2010: O Ano em que faremos Contato, Apollo
13, Contato, O Planeta Vermelho, Missão
Marte etc.
Mas
não é apenas a física que pode enriquecer-se com esse gênero cinematográfico e
televisivo. A filosofia também encontra seus conceitos por aqui. Já existem
várias obras especializadas que o demonstram. Os livros: A Metafísica de Star Wars
(1998), de Richard Hanley, da editora Makron Books, Matrix: bem- vindo ao deserto do real (2003) de William Irwin da
editora Madras, A Pílula Vermelha: Questões de Ciência, Filosofia e Religião
em Matrix (2003) de Glenn Yeffeth editado pela Publifolha, e o mais
recente Scifi=scifilo: a filosofia
explicada pelos filmes de ficção científica
(2005) de Mark Rowlands, da editora Relume Dumará, são alguns belos exemplos do
que explanamos. Conceitos que vão além da Caverna de Platão, como a morte, a
vida, realidade, ética, identidade, livre-arbítrio, moralidade, metafísica,
onisciência, determinismo, entre outros. Mas os professores de filosofia descobriram
uma outra ótima saída para despertar a curiosidade dos adolescentes, também
seus alunos. O mercado editorial brasileiro, através da editora Madras, recheou
as prateleiras com livros versando sobre filosofia e séries de televisão: A filosofia de Bufy, A filosofia de Harry Potter, A filosofia de Senfield, a filosofia
de Sipsons, e a filosofia de Star
Wars, são alguns que foram lançados até o momento.
Entre
os filmes que trazem questões filosóficas bastante instigantes destacamos: Matrix, Gattaca: A Experiência Genética, O Exterminador do Futuro 1 e 2, Minority
Report: A Nova Lei, Independance Day, Alien, Blade Runner, o
Caçador de Andróides, Star Wars, O Sexto Dia, O Homem sem Sombra, Frankenstein,
entre muitos outros.
Professores
de Biologia vêm trabalhando com filmes de ficção científica há algum tempo,
pois eles trazem conceitos e questões relacionadas a essa área que podem ser
analisados e discutidos em classe. Alguns exemplos são: Viajem Fantástica, Gattaca: A
Experiência Genética, A Corrida Silenciosa
(o preferido dos professores da área), Waterworld:
o Segredo das Águas, Aquaria, O dia Depois de Amanhã, O Dia Seguinte, Missão Marte, O Planeta
Vermelho, O Segredo do Abismo, Jornada nas Estrelas IV - A volta para casa,
Duna e a abertura fantástica de X-Man: o filme, bem como seu conteúdo,
para discutir mutação. Vida, genética, bio-ética, demografia, sobrevivência,
ecologia, biodiversidade entre outros, são apenas alguns exemplos do que pode
ser debatido em sala de aula a partir da visualização desses filmes. Livros que
podem dar suporte a essa relação biologia/cinema/televisão são A Ciência de Star Wars (1999) de Jeanne Cavelos, lançado no Brasil pela editora
Market Books e A Verdadeira Ciência por
trás do Arquivo X (2000) de Anne Simon, laçado pela editora Unicórnio Azul.
A
Psicologia, consciência e inconsciência, o eu, ego e outros tantos
conceitos-chave das teorias freudiana, jungiana e lacaniana também podem ser
identificados no conteúdo de filmes como Esfera,
Solaris (de Andrei Tarkovski), Gattaca: A Experiência Genética, Matrix, Enigma do Horizonte, Q-Pax,
O Vingador do Futuro, Laranja Mecânica e O Segredo do Abismo. Um exemplo mais recente é o filme O Diário do Mochileiro das Galáxias,
onde pode ser encontrado um robô maníaco-depressivo, portas que gemem ao serem
abertas ou fechadas, um rei da galáxia que tem um ego enorme, uma arma que ao
ser apontada para alguém o induz a dizer a verdade (mesmo oculta). A burocracia
e o tédio são notavelmente escrachados denotando uma realidade pós-moderna bem ao
estilo Monty
Python.
Uma alternativa, que muitos professores utilizam é
trabalhar vários conceitos dentro de um mesmo filme. Para isso ele deve estar
atento para encontrá-los. O professor acostumado a trabalhar com suas
disciplinas acaba se habituando a localizá-los nos filmes longa-metragem que
costuma assistir. Outra forma, menos trabalhosa, seria usar seriados de
televisão (e a ficção científica está cheia deles), como as séries de Jornada nas Estrelas (Clássica, Nova Geração, Deep Space Nine,
Voyager e Enterprise), StarGate (SG1 e Atlantis), Babilon 5, FireScape,
Sliders, Além da Imaginação e Quinta
Dimensão, entre outros. Seus episódios, com 40 ou 50 minutos cada, sempre
trazem conceitos científicos que podem ser trabalhados pelos professores de
várias disciplinas em sala de aula.
Professores
de História sempre utilizaram filmes de época ou filmes de guerra, para
discutir seus conteúdos (com primazia e didatismo). O mesmo vale para os
professores de Geografia que têm no cinema um rico instrumento didático.
Conhecer o mundo através da tela em nossos dias é mais fácil do que viajar e
conhecê-lo pessoalmente.
Professores
de inglês aproveitam a língua inglesa encontrada nos filmes atuais,
simplesmente desligando o recurso de legenda, no caso dos DVDs, ou ocultando a
parte inferior da televisão, no caso das fitas de vídeo, para trabalhar a
pronúncia correta.
Atualmente,
em meu doutorado aqui na PUC-Rio, dentro de minha pesquisa, venho estudando
maneiras de se aplicar conceitos sobre o meio ambiente usando a ficção
científica. Na última bienal ocorrida aqui no Rio de Janeiro, conheci o
engenheiro elétrico Emilio Hoffmann Gomes Neto, que escreveu o livro Hidrogênio: evoluir sem poluir, onde
evidenciei inúmeros conceitos que podem ser trabalhados em sala de aula. Dentre
eles destaco: poluição, energias renováveis, desenvolvimento sustentável, etc.
Já na introdução do livro, acompanhamos um conto de ficção científica abordando
como pode ser o futuro de nosso país, com o uso do hidrogênio em nossas vidas.
7- Qual o nível de veracidade dos textos (literários ou filmes?) em relação ao
conhecimento científico efetivo?
Na realidade o
que se busca aqui não é a veracidade dos textos, mas, sua interatividade com a
realidade do aluno. Naturalmente o professor de física, química ou biologia, se
preocupará em demonstrar a seus alunos o que é ou não verossímil de acordo com
os conhecimentos atuais da ciência. Já professores de sociologia e filosofia,
poderão trabalhar conceitos sociais ou filosóficos preocupando-se com reflexões,
distanciando-se da veracidade tecno-científica.
Albert
Einstein costumava dizer que a imaginação é mais importante do que o
conhecimento. Ela estimula a criatividade e, por conseguinte, auxilia na
solução de problemas. Ora, a imaginação que utilizamos na criação de invenções,
nas novas descobertas, na pesquisa científica e na solução de problemas é a
mesma que nos permite escrever contos, criar roteiros, imaginar futuros que
estão por vir. Alguns autores de ficção científica chegam a imaginar nossa história
de forma diferente e para isso é necessário um exercício soberbo. Mundos
alternativos onde verificamos como o mundo poderia ter sido se…Hitler não
tivesse perdido a guerra; se o primeiro Presidente dos Estados Unidos da
América fosse uma mulher; se os cientistas fossem venerados como as estrelas do
Rock e por ai vai.
Wanda Jorge.
editora-executiva
Revista Ciência e Cultura da UNICAMP
Referências indicadas e recomendadas:
CAVELOS, Jeanne. A Ciência de Star Wars
(Guerra nas Estrelas). São
Paulo: Market Books, 1999.
DANTON, Gian. Ciência e Quadrinhos. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2005.
Ginway,
Mary Elizabeth. Ficção Científica
brasileira: mitos culturais e nacionalidade no país do futuro (1960-2000).
São Paulo: Editora Devir, 2005.
GOMES, Emilio Hoffmann Neto. Hidrogênio: evoluir sem poluir.
Curitiba: Brasil H2 Fuel cell energy, 2005.
Gresh Lois e Weinberg Robert. A Ciência dos Super-Heróis.
Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.
HANLEY, Richard. A Metafísica de
Jornada nas Estrelas. São Paulo: Makron Books, 1998.
IRWIN, William, Matrix: bem- vindo ao deserto do real. São Paulo: Madras, 2003.
KRAUSS, Lawrence M. A Física de Jornada
nas Estrelas. São Paulo: Makron Books, 1996.
MURRAY, Janet H. Hamlet no Holodeck: o futuro da narrativa no ciberespaço. São
Paulo: Itaú Cultural, Editora UNESP, 2003.
ROWLANDS, Mark. Scifi=scifilo: a filosofia explicada pelos filmes de ficção
científica. São Paulo: Relume Dumará, 2005.
SIMON, Anne. A Verdadeira Ciência por trás do Arquivo X. São Paulo: Editora
Unicórnio Azul, 2000.
Yeffeth, Glenn
(Org.). A Pílula Vermelha:
Questões de Ciência, Filosofia e Religião em Matrix, São Paulo: Publifolha,
2003.