sábado, 26 de dezembro de 2015

Resenha de Clássicos Revisitados III por Carlos Alberto Machado

Quem disse que HQs são só pra crianças? Quem disse que brasileiros não sabem fazer HQ de qualidade? Ledos enganos. Conheça uma das obras que contradiz todas essas falácias impensadas e sem sentido.
Nem Sansão, nem Dalila
O conto de Eder Antonio abre o Clássicos Revisitados 3 de forma magistral. Eder transforma Dalila em uma cabeleireira do mal que não perde nada as famigeradas cabeleireiras matraqueiras. Sansão deve ter se arrependido “até o último”, como diz o ditado popular, por ter tomado a decisão de cortar seu cabelo de rockeiro estereotipado. Dalila também paga amargamente “no fogo do inferno”, pelo fato de ainda se dar ao luxo de sentir alguma coisa por outro homem, quem sabe a encarnação de seu saudoso amado. Nem Sansão, nem Dalila tem o humor afiado que Antonio Eder diz não o perceber, mas que está ali do jeito dele, sem tirar nem por.

Romeu e Julieta
O clássico de Shakespeare nas mãos habilidosas de Leonardo Mello e Paulo Kielwagen. Eles já começam matando o Romeu moderno e deixando Julieta inconformada com sua perda, mas como a vida tem que continuar, ela decide arrumar outro(s) namorado(s). Pra sua surpresa, Romeu retorna do mundo dos mortos apossando-se do corpo de seus desafortunados amantes moribundos, que são acompanhados de uma maldição - surpresa. No princípio até que ela gosta da idéia, mas com o tempo percebe seu erro e exige dele que a deixe em paz. Romeu amargurado, tira sua vida novamente, ou melhor a de seu arauto sobrenatural deixando-a desesperada, que arrependida, termina inconsolada repetindo o triste fim amargo da história original. Oh doce Julieta. Forma contemporânea de mostrar um clássico dos clássicos, já não tão conhecido das novas gerações, mas que deveria sê-lo.

Bela Adormecida
Paco Stenberg e Antonio Eder, fazem uma dupla sem igual. Nessa versão histórica, a mãe da futura dorminhoca, é amaldiçoada a ter uma filha “feia”, por um feiticeiro que é maltratado pela rainha quando em forma de sapo. Sua praga é tão forte que, como na outra estória, obriga as três fadinhas e Malévola, a protegerem sua filha, que mesmo assim, à medida que cresce, demonstra maldades sem fim. Ao se tornar adulta, encontra seu príncipe que tão sádico quanto ela, conquistam vários reinos incluindo o do pai dela. Conclusão: para vencer uma guerra, basta uma princesa sádica que possui uma sede de matar sem fim. Destaque para as caras e bocas da princesa que o Antonio Eder tira de letra.

A Lenda da Vitória Régia
Nas mãos de Renato Santana e Emmanuel Thomaz, presenciamos a história de uma policial amazonense, que persegue um psicopata assassino que deixa suas vítimas, belas jovens, depositadas na beira de rios e lagos usando poucas vestes e debruçadas sobre vitórias régias. Mas este é só o primeiro quadrinho. Apanhada de surpresa pelo vilão, e ameaçada de morte, suplica ajuda a Jaci, mãe Lua em meio a mata manauense. A deusa em questão não demonstra piedade, mas sim aponta o caminho da sobrevivência, lhe aconselhando força e superação. O resto deixo ao leitor curioso. O traço de Renato lembra muito os clássicos quadrinhos de terror da década de 1980.

O Corcunda de Notre-Dame
Walkir Fernandes tem o dom para o dramático. E isso se ressalta nessa inusitada história revisitada por sua imaginação.  Cansado de sofrer buling por tantos anos, o corcunda adquire outra forma disforme, uma segunda cabeça que lhe proporciona novas perspectivas de vida. Sanguinolento, perde toda humanidade eliminando a gang que o atormentava, mesmo perante a ingenuidade feminal que lhe proporciona uma terceira alternativa. A deformidade se supera quando seu lado feminino se destaca em mais uma cabeça pensativa. Agora sim, fazia jus ao que lhe apelidavam, um disforme monstro aberrativo, um verdadeiro “freakiano” do mal. Cuidado com o corcunda!



Branca de Neve
Com roteiro de Carlos Machado e traços alternativos de João Ferreira (acima), Branca de Neve depois de envenenada pela rainha má, se transforma em uma sádica vampira gótica. Depois de enganar os anões e fugir de casa enfrenta situação de confronto com sua arquiinimiga a rainha má. Um duelo que seu resultado transformará para sempre o reino encantado da rainha. O que serão dos sete anões sem sua branca? E o príncipe como ficará?

A Mulher Perfeita
Leonardo e Antonio Eder mostram todo seu sadismo nessa hilária história da busca pela beleza eterna que o consumismo nos obriga. Um cientista maluco estilo frankeinstein procura em suas ex-amantes, partes físicas que lhe atraem para esboçar sua obra prima sexual, a mulher remendada com as melhores partes de suas muitas mulheres. Sua criatura o satisfaz mas tudo tem um preço. Quando se vive em uma sociedade capitalista, voltada apenas ao consumo desenfreado e doentio que a tudo lhe transforma.

A Pequena Sereia
Com roteiro de Carol Sakura e arte realista de Thyago Macson, de pequena não tem nada. Nos delírios mortais de um homem, um marujo pescador que reage lunaticamente, ainda que em terra. O canto da sereia o havia apanhado mesmo agora em sua falsa seguridade terrestre, não conseguia dormir ou sequer descansar. Tudo o fazia lembrar aquele canto tragimágico que lhe atormentava até em seu sonho mais profundo. Toda gota por mais ínfima que parece o transtorna...

A Maldição de Brunhild
Matheus Moura e Joniel Santos trouxeram uma lenda medieval à tona com o canto de um misterioso bardo, transformando suas canções em realidades assustadoramente reais. Bardos eram tão comuns naquele período como as cigarras nas histórias de formigas. Tal como na canção do trovador, o guerreiro da história encara três provas heróicas a serem superadas. Enfrenta todas elas com coragem e maestria, mas a última delas a mais encantadora, seria, naturalmente a mais mortal... Qual o preço que almejamos quando buscamos aventuras e encantamentos? Talvez a essência da necessidade do corpo e da alma eterna?

Cleópatra
Laudo fecha a HQ com chave de ouro recontando e ilustrando a releitura da história da rainha do Egito, que em seu encanto maquiavélico reptiliano, deixa por ela os homens atraídos. Seu poder desconhecido ia além dos desejos carnais do homem. Seus deuses pagãos a transformaram em uma criatura além do tempo e do espaço, um ser cósmico que não levava apenas sua vida, mas também sua essência vital e sua alma.


O que mais dizer de uma obra prima que vai além de suas próprias expectativas sem entregar seus finais? Clássicos Revisitados III faz jus ao que se propõe, proporciona viagens alucinógenas, às mentes criativas de seus algozes artistas criadores brasileiros. Não lê-lo, é o mesmo que perder uma pérola do encantamento, o encantamento da imaginação e da imensa criatividade que a humanidade embora preserve, demonstra que por enquanto, ainda é merecedora de sobrevivência.
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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Paciente Dezessete


Nesses dias, participei de um jogo didático de RPG idealizado por um aluno de Filosofia que participa de meu grupo de pesquisas na UNICENTRO, universidade onde trabalho que fica em Guarapuava, interior do Paraná. A história do jogo se passa dentro de uma enorme caverna onde a população que ali vive, acredita apenas no que seus sábios lhes dizem, que o mundo é apenas aquilo e regido por sombras. Naturalmente o jogo foi inspirado na alegoria da Caverna de Platão. Um dia um jovem aparece com os olhos irritados como se tivesse passado por uma experiência sui-generis que levantou suspeitas em alguns moradores locais. 

Conheci o Dr. Roger Leir, há alguns anos, durante um congresso em Curitiba, quando ainda atuava como pesquisador do insólito. Lembro que fiquei impressionado com o tipo de pesquisas que ele realizava. Em minha opinião, visto que ele era um cirurgião, analisar os implantes de abduzidos foi uma ideia genial. Claro que para isso, ele necessitaria de uma equipe de cientistas que concordassem com o tipo de pesquisa que vinha realizando. Digo concordassem, porque os cientistas não são diferentes de pessoas comuns quando se tratam de analisar possível vida alienígena. Encontrar evidências de sua existência, para algumas pessoas, seria o caos, pois possuem um pavor enorme em admitir tal existência, mesmo sendo cientistas. 


Hoje, entendo isso (entendo a caverna e suas sombras), mas fico grato por existirem pessoas que deixam de lado o preconceito e o medo e resolvem levar a fundo suas pesquisas nesse assunto. Assistindo o documentário "Paciente Dezessete", lembrei porque apreciei tanto esse assunto por mais de 30 anos. O Dr. Leir, como eu representa o tal jovem da caverna que apareceu com os olhos lacrimejantes e irritados por ter visto a verdade, apesar de ter certa dificuldade em compreende-la. Agora, te convido a compartilhar desse mistério deixando seu preconceito de lado. Assista as duas partes, aguente os comerciais no meio e compartilhe com seus amigos:
http://www.etseetc.com/2015/11/patient-seventeen-doc-inedito-no-brasil-com-legendas-pt-br/


quarta-feira, 6 de maio de 2015

HEMOESPONJA - mergulhar sem escafandro


Na década de 80 foi publicada uma matéria na revista Mergulhar onde um casal de cientistas, os Bonaventura, anunciavam uma descoberta que deveria revolucionar o século, pelo menos no quesito mergulho. Os dois, ela bióloga e ele químico, estudaram as esponjas marinhas que conseguem retirar oxigênio da água. O projeto era financiado pela Marinha norte-americana que utilizaria o invento por pelo menos 10 anos antes de coloca-lo no mercado. O projeto consistia de um pequeno cilindro que ficaria na cintura do mergulhador que proporcionaria ar comprimido ou oxigênio para ele permanecer longos períodos embaixo d´água. A Marinha tinha intensões para espionagem, quando utilizariam o invento para abastecer além dos mergulhadores também e principalmente de submarinos. Imagine ficar em baixo d'água por até 10 anos sem precisar trocar o ar de seu equipamento e que caberia em sua mão, no caso preso a cintura. Não é ficção científica, é realidade. Acompanhe a matéria na íntegra e tire suas conclusões.


Já na década de 2000, procurei contato com o casal via internet. Descobri que se separaram, "abandonaram" o projeto e ela passou a chefiar o Laboratório de Biologia Marinha que apoiava o projeto.
Dessa forma, deixo apenas uma pergunta que não quer calar: Porque esse produto ainda não está no mercado se foi descoberto na década de 1980? Mesmo que ele tivesse sido aperfeiçoado apenas uma década após, ainda assim pela descrição do contrato com a Marinha Norte Americana, ele já deveria estar em nosso meio há muito tempo.
E agora me sai essa: http://www.oarquivo.com.br/variedades/ciencia-e-tecnologia/5901-m%C3%A1scara-de-mergulho-faz-humanos-respirarem-como-peixes.html

http://www.segundo-sol.com/2015/07/cientistas-dinamarqueses-inventam-cristal-que-permite-respirar-eternamente-embaixo-dagua.html

http://pubs.rsc.org/en/Content/ArticleLanding/2014/SC/C4SC01636J#!divAbstract

quarta-feira, 22 de abril de 2015

História de Natal perdida - procura-se

Procuro um disco verde com a história de natal do Aviãozinho Azul com um personagem negro escravo chamado Zacarias.

Um lindo conto de Natal que contava a triste história de Zacarias com algumas músicas. Uma criança negra escravo que sonhava com o avião azul que queria ganhar de Natal. Enquanto sonhava, sofria muito pela malvada Sinhá que o colocava no formigueiro, ou quando apanhava. Seu único amiguinho era um porquinho que sempre lhe perguntava: "Me diga seu Zacarias/que dia é o Natal/que dia?" Em seu choro e sofrimento lembro que ao final do conto (não lembro se ele morria ou não) surgia o Papai Noel para Zacarias e o levava para um voo no Avião Azul indo para longe de seu sofrimento.
O disco pertencia a minha avó, lembro que era verde (não recordo a rotação, talvez 75) como a reprodução que fiz acima, mas nunca mais o encontrei ou conheci alguém que o conhece-se. Descobri apenas que era da década de 1953 e possivelmente idealizado aqui mesmo no Brasil. As vozes eram convincentes e carregadas de emoção. 

Outro disquinho que procuro é um promocional chamado "Peri e Ceci" que era distribuído como brinde em lojas brasileiras. Seu material era bem fino, tipo plástico em rotação 33, preto com dois indiozinhos desenhados no rótulo branco, ou rótulo preto na cor dele mesmo. Peri e Ceci eram personagens do conto O Guarani, romance brasileiro de José de Alencar.

Se você leitor souber ou ouvir falar de alguma pista sobre eles, me avise por aqui. Grato.